11 novembro 2015

Governo declara emergência em saúde por casos de microcefalia

Houve aumento de casos de microcefalia, principalmente em Pernambuco.
Ministro anunciou estado de emergência em saúde pública em coletiva.


O Ministério da Saúde afirmou, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (11), que está investigando o aumento de casos de microcefalia no Nordeste. Trata-se de uma anomalia caracterizada por um crânio de tamanho menor que o a média. O ministro da saúde, Marcelo Castro, declarou estado de emergência em saúde pública por causa da situação. "Todas as hipóteses estão sendo avaliadas", disse o ministro.

O ministério foi acionado pela Secretaria de Estado da Saúde de Pernambuco, que observou o aumento drástico da anomalia nos últimos quatro meses. Foram identificados 141 casos em recém-nascidos em 44 municípios de Pernambuco este ano.
Segundo o ministro, a média de casos para o estado era de 10 por ano, o que representa um aumento incomum. "Estamos de fato em uma situação inusitada em termos de saúde pública", disse Castro. A situação tem sido acompanhada pelo Ministério desde o dia 22 de outubro.
Situação na PB e no RN está sendo investigada
Além da situação de Pernambuco, há relatos de profissionais de saúde sobre um possível aumento de casos de microcefalia na Paraíba e no Rio Grande do Norte, porém esse aumento ainda não foi documentado e o Ministério da Saúde investiga as ocorrências.
Segundo o ministério, o estado de emergência em saúde pública garante que os serviços de saúde tratem a questão da microcefalia com prioridade. A investigação das possíveis causas do aumento vai ser feita em conjunto por equipes do Ministério da Saúde e dos governos estaduais e municipais.
Hipótese de ligação com zika vírus
Sobre a hipótese que tem sido discutida pela comunidade médica, de que o aumento de casos de microcefalia poderia estar relacionado a infecções por zika vírus - vírus que foi identificado pela primeira vez no país em abril deste ano - os representantes do ministério afirmaram que ainda é precipitado atribuir o evento a essa causa.
vírus já foi confirmado em 14 estados brasileiros desde abril, segundo informação divulgada pelo Ministério da Saúde na semana passada durante seminário organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Segundo documento divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SEVS/SES-PE), parte das mulheres que tiveram bebês com microcefalia apresentaram erupções na pele durante a gravidez. Apesar de este ser um dos sintomas do zika vírus, não há evidências suficientes para associá-lo à microcefalia, de acordo com o órgão.
De acordo com o ministério, entre os casos de microcefalia registrados recentemente, alguns são graves, no entanto ainda não é possível observar um padrão claro em relação ao grau de microcefalia mais frequente na situação atual.
Entenda o que é a microcefalia
Microcefalia é uma condição médica que se caracteriza por um crânio menor do que o tamanho médio, geralmente por causa de uma falha no desenvolvimento do cérebro. O problema pode estar associado a síndromes genéticas ou a outros fatores como abuso de álcool e drogas durante a gravidez ou a infecção da gestante por rubéola, catapora ou citomegalovirus.
Crianças que nascem com microcefalia podem ter o desenvolvimento cognitivo debilitado. Não há um tratamento definitivo capaz de fazer com que a cabeça cresça a um tamanho normal, mas há opções de tratamento capazes de diminuir o impacto associado com as deformidades.
Segundo o Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e AVC dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (Ninds-NIH), algumas crianças acometidas pela anomalia podem ter algun nivel de incapacitação. Outras podem se desenvolver de forma similar a outras crianças e ter inteligência normal.

09 novembro 2015

Secretaria embarga atividades da Samarco em Mariana após acidente

Barragens de Fundão e Santarém se romperam na última quinta-feira (5). 
Empresa só tem permissão para voltar a operar quando reparar danos.


A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais informou nesta segunda-feira (9) que todas as atividades da Samarco Mineradora na região de Bento Rodrigues, em Mariana, estão suspensas desde a última sexta-feira (6).
A empresa não poderá operar a mina de Germano, de onde extrai minério de ferro, até que repare todos os danos causados pelo rompimento de duas barragens na última quinta-feira (5).
Durante o período de embargo, a Samarco só poderá fazer ações emergenciais, que minimizem o impacto do rompimento e previna novos danos.
O rompimento causou uma enxurrada de lama que destruiu o distrito de Bento Rodrigues e, até o momento, foram registradas duas mortes. Vinte e cinco pessoas estão desaparecidas, entre funcionários da empresa e moradores da região.
Auxílio para famílias
No domingo (8), o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) recomendou que a empresapague um salário mínimo por mês para cada família atingida na tragédia. Se a Samarco não cumprir a recomendação em cinco dias, o MP-MG vai recorrer à Justiça para obrigar a empresa a fazer o pagamento.
Mais de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos e água foram despejados sobre distritos de Marianacom a queda das barragens.
Bento Rodrigues foi o mais atingido, e os mais de 600 moradores foram retirados de suas casas. A onda de lama ainda atingiu outras comunidades, como Paracatu de Baixo e Camargos, e a cidade de Barra Longa.
Medidas de reparo
De acordo com a secretaria, a Samarco só poderá retormar as atividades após a apuração das causas do rompimento e a "adoção de medidas de reparo dos danos provocados".
No local onde opera a Samarco, ainda existe a barragem de Germano, a maior entre as três que compunham o sistema de rejeitos, que também corre risco de se romper. A Samarco já havia declarado que as atividades estavam paralisadas em todo o complexo industrial em Mariana.
Em Ubu, no litoral do Espírito Santo, onde a empresa tem a usina de pelotização de minério para exportação, as operações também serão suspensas assim que acabar o estoque de minério, informou a empresa.
Desastre ambiental
O governo e o Ministério Público já consideram o rompimento das barragens em Mariana como o maior desastre ambiental da história de Minas Gerais. A lama atingiu dezenas de cidades no Leste do estado. 
Uma nova previsão do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) aponta que a lama deve chegar aoEspírito Santo pelo Rio Doce na madrugada desta terça-feira (10). Antes, estimava-se que isso ocorreria nesta tarde.
As cidades se preparam para a chegada da lama. Em Linhares, a foz do Rio Doce começou a ser aberta, na manhã desta segunda, no distrito de Regência. Além de Linhares, Baixo Guandu eColatina vão ser afetados.
A Samarco afirmou que está atenta a qualquer repercussão no Espírito Santo e em constante contato com as autoridades competentes em função do acidente ocorrido nas barragens em Minas Gerais. Diz ainda que está monitorando permanentemente a expansão da mancha de lama que avança no Rio Doce.