Presidente da Copasa, Sinara Chenna, diz que situação de reservatórios é "crítica" e não descarta também sobretaxar o uso da água; gestão de Pimentel também fez críticas ao governo tucano.
Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (22), a presidente da Copasa, Sinara Meireles Chenna, disse que a situação dos reservatórios em Minas Gerais está "crítica". "Precisamos conclamar a população de Minas Gerais para economizar água", afirmou a executiva, que, pela primeira vez, admitiu a possibilidade de racionamento ou mesmo de sobretaxa pelo uso de água em todos os mais de 600 municípios atendidos pela companhia no Estado.
O primeiro passo para decretar o racionamento será dado nesta sexta-feira (23), quando a Copasa vai encaminhar ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) uma declaração de situação crítica de escassez de recursos hídricos. Se a declaração for aprovada, a empresa poderá adotar mecanismos como racionamento de abastecimento e multas ou sobretaxas para quem consumir muito. Pela lei, é o Igam que tem que decretar a situação de escassez de água.
A meta da empresa é reduzir o consumo em 30%. "Queremos a todo custo evitar que seja necessário adotar essas medidas, mas não descartamos a adoção de um racionamento ou de mecanismos tarifários complementares", disse a nova presidente da empresa, que assumiu o cargo há menos de uma semana. Segundo ela, se for mantido o cenário atual, que é o pior, haverá necessidade de iniciar o racionamento em três ou quatro meses.
O Sistema Paraopeba, que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte e é composto pelos reservatórios Serra Azul, Rio Manso e Vargem das Flores, está operando atualmente com 30,25% de sua capacidade. Dos três reservatórios, o que apresenta a pior condição é o Sistema Serra Azul, que atualmente está com apenas 5,73% de seu volume, praticamente já operando em seu volume morto. Já o sistema Vargem das Flores apresenta capacidade atual de 28,31% e o sistema Rio Manso, 45,06%. A situação mais crítica ocorre nos 31 municípios da Grande BH, além de Pará de Minas (região Central de Minas), Urucânia (Zona da Mata) e Campanário (Vale do Rio Doce).
O governo também destacou que 40% das águas distribuídas na Grande BH são perdidas, seja em vazamentos ou em ligações clandestinas, os "gatos". "Em 2014, a cada 10 litros de água potável entregues à população, 4 não foram consumidos ou usados de maneira regular", segundo nota enviada logo após a coletiva de imprensa pela assessoria de imprensa da Copasa. O desperdício no sistema da Copasa foi revelado em reportagens.
Críticas à gestão tucana
O mesmo comunicado trouxe críticas ao governo anterior, na gestão tucana de Antônio Anastasia, que "tinha conhecimento da situação, mas não tomou medidas necessárias para evitar o comprometimento do abastecimento", segundo a nota. "Mesmo com a estiagem prolongada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o governo anterior optou por manter a distribuição de água para a população em níveis estáveis nos últimos dois anos."
E mais: "Os fartos dados monitorados pela Copasa ao longo dos últimos dois anos mostram os riscos envolvidos na garantia do abastecimento de água para a população, situação oposta às informações divulgadas pelo governo anterior, que davam conta que não haveria risco de desabastecimento na Grande BH. Com isso houve o consumo intenso da água dos reservatórios e a redução sensível dos volumes acumulados, que não se recuperaram."
Veja as medidas anunciadas pela presidente da Copasa:
1- Disponibilizar no site da COPASA informações diárias sobre o nível dos reservatórios de abastecimento na RMBH.
2- Destacar 40 equipes de campo na RMBH com equipamentos para atuação nos vazamentos, uma das principais causas das perdas no sistema, reduzindo o tempo de ação para interrupção do vazamento que hoje, na média, é de 9 horas.
3- Implantar nova rotina para programação dos atendimentos de campo para realização de manutenções corretivas e preventivas.
4- Revisar os procedimentos de operação do sistema integrado visando minimizar os transtornos causados pela falta d´água em localidades da RMBH. Trata-se de rodízio no abastecimento a ser realizado com programação pré-definida.
5- Realizar Campanha Educativa com o principal objetivo de reduzir o consumo de água em pelo menos 30% na RMBH.
6- Intensificar a contratação de caminhões pipa e a perfuração de poços artesianos, nas regiões mais críticas também no restante do Estado para atendimentos emergenciais.
7- Envio à autoridade gestora de recursos hídricos do estado de solicitação de declaração de situação crítica de escassez de recursos hídricos
8- Atuar na adoção de outros mecanismos previstos legalmente, associados ao racionamento de água, inclusive mecanismos tarifários de contingência aprovados pela ARSAE, se for o caso.
9- Executar a captação de 5 m³/s no Rio Paraopeba para a Estação de Tratamento de Água do Rio Manso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário