Câmara de Raul Soares

Polêmica às propostas em votação

Na manhã de hoje (16) os vereadores de Raul Soares reuniram-se, extraordinariamente, para deliberar propostas de interesse da comunidade, entre elas dois projetos do Chefe do Poder Executivo (prefeito Vicente Barboza):
Projeto 031/2009 solicitando autorização para o município financiar o valor de R$ 500 mil reais, junto ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais/BDMG, com carência de 6 meses, para aquisição de três caminhões.
Projeto 032/2009 solicitando autorização para o município financiar o valor de R$ 2 milhões e trezentos mil para melhorias de vias urbanas no município, também junto ao BDMG; no prazo de 180 meses para pagar e com carência de 36 meses.

O projeto para modificações no Regimento Interno da Câmara Municipal foi retirado de pauta. Tal projeto continha proposta para acabar com voto em escrutínio secreto estabelecendo-se que todas as votações do Legislativo local passassem a ser com voto em aberto. Mas a comissão especial formada pelos vereadores Quinca Donana, Toiota e Claudinho, reunida anteriormente, deu parecer favorável à sua retirada.

O vereador Célio Nesce, que é contra votação secreta, usou a tribuna para repudiar o comportamento dos vereadores que compuseram aquela comissão e lhes pediu explicações acerca da atitude tomada. Célio completou a fala manifestando que é a favor do projeto de aquisição dos caminhões, mas que é contra o outro projeto de empréstimo, pois, além de não explicitar onde os dois milhões e trezentos mil vão ser aplicados, vai deixar dívidas para os futuros prefeitos.

Já o vereador Ramiro Grossi, em sua fala, disse que é a favor da proposta para que as votações na Câmara sejam em aberto e solicitou do presidente e demais colegas para que o referido projeto volte ao plenário no início do próximo ano para acabar ‘de vez’ com o voto em escrutínio secreto.
Manifestou, também, que é a favor ao projeto para aquisição de caminhões novos. Mas que é contra o projeto que autoriza o prefeito financiar a quantia de dois milhões e trezentos mil, uma vez que, com a carência de 3 anos, o próximo prefeito é que vai começar a pagar as parcelas.
Além disso, Ramiro enfatizou que não está claro o que o prefeito Vicente Barboza pretende fazer com aquela grana (que é muito dinheiro) e que, por isso, é contra a carência e contra o projeto que autoriza financiamento.

O vereador Joaquim Fragoso usou a tribuna com muita fúria e resolveu ‘soltar os bichos’. E se empunhando de uma (virtual) metralhadora disparou contra o prefeito e seus defensores. Ele disse que não é contra o prefeito, é contra as atitudes erradas dele. Manifestou ser favorável ao projeto de aquisição dos três caminhões, mas que é contra o financiamento de 2.3 milhões sem enumerar as obras aonde a quantia será aplicada.
Fragoso fez uma indagação: “o que o prefeito vai fazer com esse dinheiro?”
Continuou a fala: “Tanta polêmica com a construção da usina de lixo, com as casas populares, com as obras da Vila Barbosa e Vila Esperança... quanto tempo e as obras não foram feitas até hoje. Quando veio um recurso de 100 mil reais o prefeito passou a mão nele, nem passou para a empreiteira que ficou no prejuízo, perdeu o nome e não pega obra em lugar nenhum mais...”
O vereador disse que o prefeito tem sido irresponsável com a comunidade e que o vereador que aprovar projeto dessa natureza, também, é irresponsável; o vereador que avalizar essa opinião dele, também, está sendo covarde para com o povo.
Fragoso disse que o prefeito não respeita os vereadores, nem os de seu lado; que ele é ditador e não quer ser fiscalizado. E deu exemplo da retirada das mesas das ruas, quando ele (o prefeito) desobedece e desrespeita uma lei da Câmara (aprovada por todos os vereadores) e está dando prejuízo ao povo.
Exemplificou, também, do que aconteceu na Escola Cel. João Domingos onde a prefeitura fazia uma obra de reforma no valor de R$ 149 mil. Naquela oportunidade os parlamentares, em pleno exercício da função de fiscalizar, foram impedidos de entrar naquele estabelecimento de ensino (expulsos) por ordem dele (o prefeito).
Disse, também, que o dia que o prefeito pegar os 2 milhões e trezentos mil ele vai contratar uma firma fajuta como a tal de ‘Aline’ e outras mais que só pegam o dinheiro e não fazem as obras, e ordená-la a pôr valor dobrado e ficar com a metade, como aconteceu na Usina de Lixo e outras mais.
Fragoso citou sobre as pontes superfaturadas. Disse, também, que o deputado Zé Henrique, publicamente, falou da liberação de verba para calçar todas as ruas do distrito de São Vicente da Estrêla, mas que só foi calçada a rua onde moram diretores da prefeitura e seu irmão.
Concluiu, dizendo que o Ministério das Cidades distribui verbas, mas que o prefeito não utiliza delas porque não quer se submeter a fiscalização do Governo Federal e que dois milhões e trezentos mil nas mãos de um irresponsável ele é contra.
E que, por isso, pedia ‘vistas’ ao projeto com o fim de solicitar explicações sobre onde será aplicada a quantia referente ao empréstimo, com detalhes de prazos e demais especificações técnicas.

O vereador Rui do Jipe, que manifestou não ser contra 'voto fechado' nas deliberações da Câmara, usando a tribuna, explicou de seu posicionamento ao projeto de modificações do regimento interno dizendo que há de se respeitar a opinião e voto dos vereadores... que os vereadores têm direito de preservar o que ele acha (não tem obrigação de estar mostrando...) e que quem tem que julgar os vereadores são os eleitores e, que, é favorável aos dois projetos do prefeito.
Respondeu ao Fragoso dizendo-lhe que não se sente irresponsável, nem covarde e que a opinião de cada vereador deve ser respeitada. E que ele (Fragoso) não poderia usar as palavras da maneira que ele fez e que considera a sua pessoa com respeito pelos tantos anos na política. Mas, que respeite os outros!...

O presidente da Câmara Municipal, o vereador Eimard da Tarza, conduziu a sessão de forma inteligente e (talvez) pôde impedir possível tumulto e maiores ofensas entre os parlamentares presentes.
Eimard foi incisivo e rápido ao transcurso da reunião, levou as propostas ao plenário e findou a reunião sem maiores consequências aos vereadores e público presentes no salão nobre da Câmara Municipal.
O projeto 031/2009 foi aprovado por unanimidade.
Atendendo ao pedido de ‘vistas’, dado pelo presidente no prazo de 24 horas, o projeto 032/2009 ficou para ser apreciado e votado em outra reunião extraordinária, marcada para amanhã, quinta-feira, a partir de 15h.