As oportunidades para
Minas
com o leilão do pré-sal
Somente um salto tecnológico pode aumentar a
participação da indústria mineira nos investimentos multibilionários que serão
realizados no setor de petróleo e gás nos próximos anos, e que teve ontem no
anúncio do vencedor do leilão do Campo de Libra, um marco em seu
desenvolvimento. Por outro lado, os tradicionais parceiros mineiros da
Petrobras, como a Vallourec e a Georadar, devem engordar suas carteiras de
contrato com o segmento.
Hoje, o grupo Georadar, que realiza serviços de
levantamentos geofísicos e presta serviços onshore (em terra) e offshore (no
mar), possui contratos de mais de R$ 1 bilhão com a Petrobras para os próximos
oito anos, com possibilidade de prorrogação por mais oito. Sua controlada, a
Geodata, possui encomenda para entrega de seis navios e negocia um novo
contrato.
Com a exploração do pré-sal ganhando corpo, a
demanda imediata é para o setor de serviços. “Teremos uma mudança sem
precedentes no setor e isso vai acontecer rápido, como em três anos, com muitas
fusões e aquisições. Os sócios poderosos que arremataram o campo de Libra podem
acelerar isso”, disse o diretor de novos negócios do grupo Georadar, Celso
Magalhães. Ele não descarta, inclusive, a fusão da Georadar com outros players.
O campo de Libra, o maior do pré-sal, pode atingir
um pico de 1,4 milhão de barris ao dia. Hoje, a produção total da Petrobras é
de cerca de 2 milhões/dia. É devido a este porte que o leilão de ontem é considerado
gatilho para a transformação da cadeia de fornecedores.
Máquinas
“O setor de máquinas e equipamentos de Minas Gerais
será fornecedor em uma fase mais adiante, que começa na extração, de forma
incipiente, e ganha força na industrialização do óleo com maior relevância, com
equipamentos para o refino. Nossa demanda chegará daqui a 10 anos, e temos um
enorme desafio tecnológico e de competitividade”, afirmou o diretor da regional
mineira da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq-MG),
Marcelo Veneroso. O fornecimento hoje é de estruturas metálicas, compressores,
reatores, caldeirarias e outros.
O receio de Veneroso é que se repita aqui o
ocorrido na Holanda durante o desenvolvimento da indústria de gás, com entrada
de grande volume de capital estrangeiro e alta da inflação minando a
competitividade do produto nacional. “De certa forma esse movimento já ocorre e
a preocupação é que ele se acentue. Passaremos pela necessidade de uma avanço
tecnológico imenso, especialmente na perfuração. Mas ocorre que hoje, mesmo em
águas rasas, a grande maioria dos fornecedores são estrangeiros”, afirmou.
Construção pesada
O presidente do Conselho de Política
Econômica e Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
(Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes, destaca também o potencial de negócios
que podem ser gerados para a construção pesada, e lembra da fatia pequena que
Minas recebe do bolo de investimentos totais da Petrobras. “Tende a crescer (a
fatia) pela escala dos investimentos. Mas é uma escala mundial, não fica
restrita a Minas”, disse.
(Hoje
em Dia)
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