Duas escolas mineiras estão
entre as 10 melhores do Brasil
O Ministério da Educação (MEC) divulga nesta segunda-feira o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2009, ao qual o Estado de Minas teve acesso com antecedência. Os dados apontam o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Coluni, e o Colégio Bernoulli, de Belo Horizonte, no topo do ranking nacional . A pesquisa ainda revela uma realidade preocupante nas salas de aula de todo o país: qualidade e educação pública parecem ainda não jogar no mesmo time. Isso porque apenas instituições de ensino privadas, com mensalidades exorbitantes, ou federais, que apesar de gratuitas têm processos seletivos rígidos para o ingresso de alunos, se destacam no Brasil, em Minas e em Belo Horizonte. O Coluni é a única escola pública entre as 10 melhores do país, uma exceção no quadro geral.
As notas oficializadas nesta segunda-feira pelo MEC se referem ao desempenho por escola, numa escala que varia de zero a mil. O resultado é composto pela média das provas de redação e de múltipla escolha nas áreas de linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática. Mais de 2,4 milhões de estudantes, matriculados em 36,6 mil escolas, fizeram as provas do Enem, no ano passado. Em Minas, quase 5 mil unidades de ensino participaram da avaliação, que mede o desempenho dos alunos ao fim da escolaridade básica, ou seja, no último ano do ensino médio.
O Coluni é um dos mais tradicionais de Viçosa, na Zona da Mata, a 230 quilômetros da capital. O reitor da UFV, Luiz Cláudio Costa, resume a fórmula do sucesso em três ingredientes. “Temos professores competentes e com dedicação exclusiva, uma boa estrutura física de laboratórios e bibliotecas e um projeto pedagógico estimulante. Para entrar no colégio, os alunos enfrentam um vestibular extremamente concorrido e ficamos contentes em mostrar que é possível fazer uma escola pública de qualidade”, diz.
Em Belo Horizonte, Cibele Aimée de Souza, de 18 anos, que estudou no Bernoulli até o ano passado, integra o time dos bem-sucedidos no Enem e colhe os frutos da boa formação. “Fui aprovada em direito na Universidade Federal de Minas Gerais e também na de Ouro Preto, sendo que, na última, usei a nota do exame nacional para compor o vestibular. No colégio, eu aprendi a me organizar para os estudos e sempre recebi apoio e estímulo para investir no meu potencial”, conta Cibele.
Diferenças gritantes
O abismo que separa as redes pública e privada do país preocupa especialistas em ensino que, apesar de reconhecerem avanços na educação brasileira, listam desafios a serem vencidos para reduzir as diferenças gritantes de qualidade. “As escolas federais normalmente fazem uma pré-seleção de seus alunos, além de terem professores com melhores salários e estrutura curricular vinculada às universidades. A rede particular, que concentra cerca de 20% das matrículas do país, tem mais investimento per capita por aluno e estudantes que vêm de famílias mais escolarizadas e com mais acesso à cultura. Os resultados do Enem retratam a desigualdade do que é oferecido de insumos, ou seja, valorização docente, infraestrutura de laboratórios e bibliotecas etc.”, avalia o presidente-executivo do movimento Todos pela Educação, Mozart Neves Ramos.
A integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), Clélia Brandão Alvarenga Craveiro, afirma que o ensino médio foi deixado em segundo plano ao longo dos anos, já que o foco principal sempre foi a universalização do nível fundamental. “Há um déficit de professores com formação específica nas salas de aula, problemas de financiamento e de metodologias de ensino. O Brasil já avançou muito com o modelo de ensino médio inovador, mas falta colaboração efetiva entre estados e União. A escola precisa ser popular, o que significa atender todos e promover o aprendizado sem exceções”, declara Célia.
(FONTE: Portal Uai)
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