“Época de eleição é
época de emoção” (Frei Betto)
As
terríveis experiências antidemocráticas, nestes cinco séculos da história,
levou o povo brasileiro a acreditar que a Constituição de 1946 seria a hora e a
vez da democracia, com as eleições diretas para a Presidência da República.
Mas, a euforia pouco durou, com o golpe civil militar de 1964, nos lembrando os
horrores e atrocidades da ditadura, por um período de vinte anos.
Com
a redemocratização, a Constituição de 1988 nos trouxe novamente a euforia por
viver num país verdadeiramente democrático. Mas, na luta de classes, a
Constituição cidadã ainda sofre ameaças das forças
conservadoras que procuram deter as mudanças necessárias ao nosso País. Não
basta votar. O Brasil está longe de ser uma democracia plena, pois ainda existe
o voto de cabresto – do favor – do negociado, etc., o público se confunde com o
privado, com um marketing para reforçar a alienação e o apolitismo de muitas pessoas com alto grau de escolaridade.
Neste
ano eleitoral observamos que ainda vivemos numa cultura autoritária, com um
ranço de quatro séculos de escravidão. Era uma inquisição moderna passando por
Toledo, onde as pessoas, tomadas de medo, amordaçadas, demonstravam o desejo
por mudança, só no gesto e no olhar.
Nunca
vi coisa igual nestes trinta e sete anos que aqui resido. Será que esse modelo
fúnebre de campanha eleitoral veio também da Europa falida, ou a Justiça
Eleitoral considerou o povo violento e desordeiro? A lei eleitoral não é tão
rigorosa assim.
Visível
“a olho nu” foi o uso da máquina administrativa, com a Prefeitura quase
desabitada, promovendo provocações de um Big Brother, no lugar de propor
políticas públicas.
A
disputa desigual já teve início, polarizada entre dois projetos distintos: a
situação que governou por dezesseis anos, apresentou à população o
representante do Estado mínimo neoliberal, das forças conservadoras, que faz da
área social (saúde, educação, etc.) uma grande mercadoria, como acontece nas
cidades de Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e Maceió, entre outras, conectadas
à imprensa tacanha (Editora Abril, Rede Globo e Cia.), à privataria tucana e ao
IMIL – Instituto Milênio, sediado no Rio de Janeiro, com o objetivo de emperrar
os avanços do nosso País.
Do
outro lado, a oposição apresentou o projeto Toledo Humano, Desenvolvido e
Participativo, destacando a emergência da Saúde Pública Preventiva e Curativa,
como direito humano. Reiteramos que a saúde é tudo na vida. Fundamental,
indispensável para o exercício de outros direitos, incluindo o direito à
alimentação, à moradia, à privacidade, ao trabalho, à educação, ao lazer, à
informação, à democratização da comunicação, da cultura, do Poder Executivo, do
Judiciário, da liberdade de expressão, de associação, de reunião, de ir e vir.
Esses
e outros direitos e liberdades que compõem o direito à saúde (Direitos e Ajuda
Humanitária – Fiocruz). Com o respaldo da participação popular no Orçamento
Participativo, nas tomadas de decisões, também consideradas vitais para a saúde
das pessoas, comunidades e de toda a sociedade (Jenson, Putman e Wolff –
2001).Considerando que a “Política da Presença”, como democracia direta,
transparente, é essencial na administração pública.
Sabemos
que a nossa jovem democracia foi ameaçada em várias cidades do país, neste ano
eleitoral, com a intimidação, cooptação, abuso de poder tendenciosos, como um
retrocesso. Mas, sabemos, também, que “nada é impossível de ser transformado”
(Brecht), aos estragos causados pela burguesia capitalista.
Pasmem!
A visão dominante ainda é a da ditadura (de Vargas, e a civil militar) sofrida
pelos brasileiros e brasileiras e por nossos “hermanos”. Ditadura que
amordaçou, humilhou, intimidou, espancou, estuprou, matou, esquartejou e ainda
cassou mandatos legítimos de nossos companheiros parlamentares. Ditadura que
enganou muitas pessoas e instituições, com sua enorme máquina mortífera de
propaganda enganosa, nazi-fascista.
Infelizmente,
seus ecos ainda estão por aqui, por ali e acolá, com homenagens a torturadores,
ditadores, generais e seus fiéis seguidores, dando nomes a ruas, estádios,
clubes, escolas etc. (Viva a Comissão Nacional da Verdade e Memória!)
Afinal,
esta é a nossa democracia: conservadores alegam “liberdades”; enquanto os
subalternos tentam sobreviver (Efrem Filho).
Mas,
o povo brasileiro sempre resistiu a períodos bem difíceis, e ainda resiste;
porque fortalecer a democracia é tarefa de todas (os) nós que sabemos da
urgência da Reforma Política, que nunca foi prioridade para certos (as)
congressistas.
Neste
momento estamos tendo a alegria de sermos vitoriosas (os). Aliás, o povo
toledano é vitorioso e lutador. A esperança venceu o medo de ser feliz. Temos
orgulho de nossas bandeiras; criticadas, invejadas nessa campanha eleitoral.
Elas estarão hasteadas contra todas as injustiças; por todo tempo, em todos os
lugares do mundo; como nos ensinaram Che e Marighela, aos quais dedico essas
linhas. E dedico, também, a Eric Hobsbawm,falecido neste 1º de outubro, aos 95
anos; um dos maiores historiadores do século XX, deixando sua última
contribuição, aos 94 anos, à História Contemporânea, em sua obra “Como Mudar o
Mundo”.
Finalmente,
queremos dizer que “o animal político resiste no âmago dos homens, após séculos
de lutas e rebeliões de milhões de pessoas”.
Oxalá,
no próximo ano eleitoral não soem na “cidade labor” os ecos da ditadura, mas
que façam da eleição uma grande festa da democracia.
Viva
Toledo, Viva o Brasil, Vivam as nossas bandeiras!
Toledo,
outubro de 2012, pós-eleições municipais.
Joana Darc Faria de
Souza e Silva
– Professora de História – Esp. Educação de Jovens e Adultos e Ensino da
Cultura, Artes e História Afro-Brasileira e Indígena na Educação Básica
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