22 outubro 2012

Bactéria afeta abastecimento
de água em oito municípios

Segundo gestores, não há o que fazer e só a chuva vai resolver o problema


Bacia Rio Doce corta 226 municípios mineiros e
 capixabas; ele recebe esgoto de 3 milhões de pessoas
Há pouco mais de um mês, moradores de oito cidades da região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, e de dois municípios do Espírito Santo não sabem o que é beber água potável de qualidade. O problema é causado por um surto de cianobactéria, presente em toda a extensão da bacia do rio Doce, que causa irritação na pele e diarreia e ainda pode levar a consequências mais graves, como doenças no fígado, parada respiratória e até a morte. Autoridades dos municípios afetados dizem estar de mãos atadas e pedem ajuda à Agência Nacional das Águas (ANA), do governo federal, para frear o problema.

Diariamente, o esgoto de cerca de 3 milhões de pessoas é despejado ao longo dos 83,4 mil km de extensão da bacia. "O problema é que com a falta de chuvas e menor quantidade de água no rio, acontece o acúmulo de sujeira. Se levarmos em conta ainda o clima quente das regiões, podemos dizer que é o ambiente propício para a proliferação da bactéria", disse a secretária executiva do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, Joelma Gonçalves. Apenas 10% dos municípios que dependem dos córregos e afluentes têm estações de tratamento de esgoto, que evita que ele seja despejado no rio, segundo o comitê.

Em Governador Valadares, maior cidade da região, com 263.689 habitantes, por exemplo, o assunto é um só nas ruas: o gosto de cloro e o cheiro ruim da água. "Estoco água mineral em casa há dois anos porque ano passado a situação foi a mesma, o pessoal da distribuidora de água até me conhece. Nem banho eu tomo com essa água contaminada. Já tive diarreia e o gosto parece que corta nossa garganta", disse a advogada Elza Maria Gonçalves Salomão, 55.

Segundo o diretor geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Governador Valadares, Omir Quintino Soares, a situação na cidade é grave, mas não há nenhuma ação que possa resolver o problema de imediato. "Realmente, o gosto da água é forte e o cheiro não é suportável. Mas o que podemos fazer é esperar que as chuvas amenizem a situação em breve, normalizando os níveis de água, porque a curto prazo não é possível revitalizar a bacia", disse.

Consequências. A bióloga e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Alessandra Giani explicou que determinados grupos de cianobactérias, comuns em rios com alta concentração de poluentes, provocam sérios danos ao meio ambiente e à saúde do homem. Um dos sintomas mais comuns é a coceira e a urticária, que causa vermelhidão na pele. "Em pessoas mais alérgicas, a reação pode ser violenta, com febre e mal-estar. Algumas toxinas também levam à diarreia", afirmou.

A ingestão de água contaminada com as toxinas da cianobactérias pode causar, ainda, problemas no sistema nervoso e no fígado. "O consumo pode ser fatal", concluiu a bióloga.


(Jornal O Tempo)

2 comentários:

Markim Knibal Esportes & Eventos disse...

Bem meu amigo Jonathan vc postou a materia e o que pode nos falar sobre prvenção? O que devemos fazer para nos matermos a salvo desse perigo?

Jonathan / Raul Soares-MG disse...

Marco Antonio Cândido, a postagem vem chamar a atenção das autoridades competentes de Raul Soares: O Poder Executivo e a autarquia municipal Saae que, certamente são conhecedores do problema, têm o poder das providências a serem tomadas...
Obrigado!