24 julho 2013

Os Loucos por Cidadania

 “Todos que estão, são. Mas nem todos que são estão”.
(Frase escrita no Hospício de Barcelona, Espanha).

Companheiras e companheiros,

Temos muito para comemorar os dez anos de governos pós-neoliberais de Lula e Dilma (PT e partidos aliados), como bem soube escrever em seu livro o professor militante e sociólogo Emir Sader (Boitempo Editorial).
Defender o PT e o governo significa divulgar, contar suas realizações, ou seja, as políticas públicas que fizeram milhões de pessoas terem uma vida mais digna.

Acabei de ler a história emocionante de homens, mulheres e crianças internadas no famoso hospício de Barbacena (MG) – travestido de hospital psiquiátrico – “O Colônia”, onde 60 mil pessoas morreram, como num campo de concentração nazista fundado em 1903 pelo Estado brasileiro. No livro de Daniela Arbex O Holocausto Brasileiro (um presente do nosso amigo Mauro Ângelo, mineiro residente em Toledo), a autora revela a barbárie praticada com as pessoas que chegavam no “trem de doido”, expressão criada pelo escritor João Guimarães Rosa, internadas como loucas as pessoas diferentes que desafiavam o poder das oligarquias (homossexuais, prostitutas, alcoólatras, epiléticos, críticos, etc.).

Na página 53 do referido livro, Sônia e Terezinha, por exemplo, que viveram lá durante 50 anos, nos porões da loucura, hoje com mais de 60, então somente em 2003 no governo Lula, elas experimentaram o gosto da liberdade, sendo incluídas como tantas outras e outros no Benefício de Prestação Continuada, concedido pela LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social) a pessoas com necessidades especiais, passaram a ter o direito a um salário mínimo e mais uma bolsa de R$240,00 mensais oferecida pelo programa “De volta para casa”, do Ministério da Saúde, instituído em 2003 pela lei federal (auxílio reabilitação psicossocial a pacientes com longas internações psiquiátricas, nas quais ficaram submetidos à privação de liberdade).

Assim, elas, Sônia e Terezinha e outras pessoas, tiveram a chance de ganhar um endereço em uma das 28 residências terapêuticas de Barbacena, com chuveiro quente, sabonete, toalha, guarda-roupa (para cada uma) e comida boa como elas diziam.

De 2003 para cá, a cidade de Barbacena (vizinha da minha cidade Raul Soares/MG, que por sinal enviou pessoas para “O Colônia” e que seus cadáveres foram comercializados para a Universidade de Juiz de Fora), como todas as cidades brasileiras, receberam vultosos recursos federais para incentivar a economia, desenvolvendo o comércio local.

Consequentemente, os loucos de Barbacena, que tanto envergonharam a cidade das flores passaram a ser consumidores de sapatos, depois de tantos anos descalços; de roupas depois de tantos anos nus; tintas para os cabelos, que branquearam ao longo de tanto tempo de dor e tristeza naquele ambiente gelado e fétido vindo do interior do prédio. Um terror nazista...

Em 2011, já no governo Dilma “país rico é país sem pobreza”, Sônia e Terezinha experimentaram o gosto de serem felizes e o gosto da liberdade, viajando de avião para Porto Seguro/BA. Foram conhecer o mar, sentiram-se inteiras pela primeira vez, começaram a tomar consciência da sua humanidade, da alegria de se sentirem gente e serem felizes.

Parabéns à jornalista e escritora Daniela Arbex, filha do grande jornalista e escritor José Arbex Júnior.
Viva o Lula, Viva a Dilma, Viva o povo brasileiro, Viva o PT, seus militantes, simpatizantes e aliados por um Brasil melhor!

Joana Darc Faria de Souza e Silva joanadarcfssilva@hotmail.com
Professora de História, especialista em Educação de jovens e adultos e Ensino da cultura, artes e história afro-brasileira e indígena na educação básica. Filiada e militante do PT desde 1989.

Toledo, julho de 2013.

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