14 novembro 2013

Dia Nacional de Zumbi
e da Consciência Negra

“(...) o efeito de uma presença africana no mundo será de aumentar a sensibilidade, com valores, ritmos e temas mais humanos.” (Diop).

            Em 20 de novembro de 1695, foi morto Zumbi, grande liderança negra do Quilombo de Palmares, o maior de todos os quilombos, que reuniu mais de 20 mil pessoas, pobres oprimidas pelo regime escravista vigente do Brasil colonial.
            Homenagear Zumbi é reconhecer sua coragem e de cara limpa e persistente lutou em defesa da liberdade e por uma vida digna para o seu povo. Quilombo na História Oficial se restringe aos redutos de escravos fugitivos sem referência ao projeto socialista libertário dos palmarinos, como “lugares educativos da arte de sonhar” e de tornar possível viver com dignidade. Vale a pena visitar o Parque Memorial Quilombo de Palmares em Alagoas, “lugar sagrado”, divisa com Pernambuco, lá na Serra da Barriga, a 10 km da cidade de União dos Palmares, mesmo que seja pela internet e mergulhar no túnel da História.
            O 20 de novembro é feriado em várias cidades brasileiras e é comemorado em todo Brasil desde 1978, quando se tornou uma data nacional, graças ao Movimento Negro Unificado (MNU/SP). Celebrar Zumbi pode ser em qualquer dia do ano, o que não deve persistir em nosso país é um imaginário que privilegia as raízes e culturas europeias, ignorando as outras como a indígena, a africana e asiática.
            Aqui vale perguntar: será que hoje, o agronegócio desconhece a História da terra de Pindorama? E as condições desumanas dos indígenas que frequentam a rodoviária de Toledo? E o extermínio de jovens negros na periferia das grandes cidades brasileiras? Quem patrocina a guerra dos Black Blocks? É lamentável saber que o imperialismo estadunidense, que indignava o “Che”, continua ameaçando nossa democracia, logo agora que o nosso país está promovendo a igualdade de direitos. Não é Zumbi? É lamentável também que em pleno século XXI ainda existe trabalho escravo, preconceito, discriminação, assédio de todos os tipos, inclusive em universidades e outras instituições públicas. O 20 de novembro soma-se à Consciência Política, histórica e da diversidade étnico-racial como riqueza a ser respeitada. Consciência negra é encontrar respostas e soluções para tais perguntas e reconhecer nossas raízes étnicas; valorizar a cultura africana incorporada à cultura afro-brasileira. É valorizar a Mama África e os africanos, apesar da Diáspora que disseminou seus valores culturais para o mundo. Afinal somos todas africanas e africanos.
            Consciência Negra começa na Escola, que não pode perder de vista as leis federais, que a partir de 2003 no governo Lula abriu caminho para uma educação anti-racista, anti-sexista e anti-homofóbica multicultural para a diversidade e para os direitos humanos.
            Consciência Negra é também lembrar de pessoas que seguiram lutando e resistindo no sentido épico de Zumbi, como: Dandara, Aqualtune, Acotirene, Luiza Mahim, Solano Trindade, Abdias do Nascimento, Cruz e Souza, Luiz Gama e tantas outras e outros que fizeram História de resistência, que não se pode negar.
            A alma da negritude sempre foi cheia de esperanças, por isso sempre resistiu e conquistou, definindo a forma de ser no mundo: “Ouça mais as coisas que os seres. A voz do fogo se ouve; ouça a voz da água, escute o vento. O arbusto a soluçar. É o sopro dos ancestrais” (Birago Diop). O poema africano é só para você leitor, tomar um gostinho da cosmovisão africana. Conheça outros poemas, poesias, contos e histórias de autoras e autores negras e negros e valorize a cultura africana.
            Conscientizando a tudo isso só falta fazer uma kizomba (comemoração) na Escola, onde quiser celebrar o 20 de novembro; a kizomba é nossa identidade, ela pertence a todas e todos.
            Homenagear Zumbi e cantar em círculo com muito afeto: “um sorriso negro, um abraço negro, traz felicidade.”...

Valeu Zumbi!

Axé para todas e todos nós!
Toledo, novembro de 2013

Prof.ª Joana Darc Faria de Souza e Silva
professora de História e especialista em Ensino da Cultura, Artes e História afro-brasileira e indígena na educação básica e especialista em Educação de Jovens e Adultos. Filiada e militante do PT desde 1989 em Toledo/PR.

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