Dia
Nacional de Zumbi
e da Consciência Negra
“(...) o efeito de
uma presença africana no mundo será de aumentar a sensibilidade, com valores,
ritmos e temas mais humanos.” (Diop).
Em 20 de novembro de 1695, foi morto
Zumbi, grande liderança negra do Quilombo de Palmares, o maior de todos os
quilombos, que reuniu mais de 20 mil pessoas, pobres oprimidas pelo regime
escravista vigente do Brasil colonial.
Homenagear Zumbi é reconhecer sua
coragem e de cara limpa e persistente lutou em defesa da liberdade e por uma
vida digna para o seu povo. Quilombo na História Oficial se restringe aos
redutos de escravos fugitivos sem referência ao projeto socialista libertário
dos palmarinos, como “lugares educativos da arte de sonhar” e de tornar
possível viver com dignidade. Vale a pena visitar o Parque Memorial Quilombo de
Palmares em Alagoas, “lugar sagrado”, divisa com Pernambuco, lá na Serra da
Barriga, a 10 km da cidade de União dos Palmares, mesmo que seja pela internet e mergulhar no túnel da
História.
O 20 de novembro é feriado em várias
cidades brasileiras e é comemorado em todo Brasil desde 1978, quando se tornou
uma data nacional, graças ao Movimento Negro Unificado (MNU/SP). Celebrar Zumbi
pode ser em qualquer dia do ano, o que não deve persistir em nosso país é um
imaginário que privilegia as raízes e culturas europeias, ignorando as outras
como a indígena, a africana e asiática.
Aqui vale perguntar: será que hoje,
o agronegócio desconhece a História da terra de Pindorama? E as condições
desumanas dos indígenas que frequentam a rodoviária de Toledo? E o extermínio
de jovens negros na periferia das grandes cidades brasileiras? Quem patrocina a
guerra dos Black Blocks? É lamentável saber que o imperialismo estadunidense,
que indignava o “Che”, continua ameaçando nossa democracia, logo agora que o
nosso país está promovendo a igualdade de direitos. Não é Zumbi? É lamentável
também que em pleno século XXI ainda existe trabalho escravo, preconceito,
discriminação, assédio de todos os tipos, inclusive em universidades e outras
instituições públicas. O 20 de novembro soma-se à Consciência Política,
histórica e da diversidade étnico-racial como riqueza a ser respeitada. Consciência
negra é encontrar respostas e soluções para tais perguntas e reconhecer nossas
raízes étnicas; valorizar a cultura africana incorporada à cultura
afro-brasileira. É valorizar a Mama África e os africanos, apesar da Diáspora
que disseminou seus valores culturais para o mundo. Afinal somos todas
africanas e africanos.
Consciência Negra começa na Escola,
que não pode perder de vista as leis federais, que a partir de 2003 no governo
Lula abriu caminho para uma educação anti-racista, anti-sexista e
anti-homofóbica multicultural para a diversidade e para os direitos humanos.
Consciência Negra é também lembrar
de pessoas que seguiram lutando e resistindo no sentido épico de Zumbi, como:
Dandara, Aqualtune, Acotirene, Luiza Mahim, Solano Trindade, Abdias do
Nascimento, Cruz e Souza, Luiz Gama e tantas outras e outros que fizeram
História de resistência, que não se pode negar.
A alma da negritude sempre foi cheia
de esperanças, por isso sempre resistiu e conquistou, definindo a forma de ser
no mundo: “Ouça mais as coisas que os seres. A voz do fogo se ouve; ouça a voz
da água, escute o vento. O arbusto a soluçar. É o sopro dos ancestrais” (Birago
Diop). O poema africano é só para você leitor, tomar um gostinho da cosmovisão
africana. Conheça outros poemas, poesias, contos e histórias de autoras e
autores negras e negros e valorize a cultura africana.
Conscientizando a tudo isso só falta
fazer uma kizomba (comemoração) na Escola, onde quiser celebrar o 20 de
novembro; a kizomba é nossa identidade, ela pertence a todas e todos.
Homenagear Zumbi e cantar em círculo
com muito afeto: “um sorriso negro, um abraço negro, traz felicidade.”...
Valeu
Zumbi!
Axé
para todas e todos nós!
Toledo,
novembro de 2013
Prof.ª
Joana Darc Faria de Souza e Silva
professora de
História e especialista em Ensino da Cultura, Artes e História afro-brasileira
e indígena na educação básica e especialista em Educação de Jovens e Adultos.
Filiada e militante do PT desde 1989 em Toledo/PR.
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