31 agosto 2010

Preço do carro...

... Cai mesmo após fim do desconto no IPI

Disputa acirrada gera bons descontos e

aumenta poder de pechincha do consumidor

Com a volta do IPI (Importo sobre Produtos Industrializados) em março deste ano, os carros zero km ficaram mais caros em abril e maio, mas voltaram a apresentar quedas nos últimos dois meses. Desde junho, os automóveis estão em média 1,08% mais baratos, segundo a inflação oficial do governo - o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Isso significa que um carro que custava R$ 30 mil em maio, passou a custar R$ 324 a menos em julho. A diferença é suficiente para pagar as despesas com as taxas de emplacamento do veículo - de cerca de R$ 245,64 – e ainda sobra grana para encher o tanque.

A queda nos preços dos carros zero km está relacionada a uma conjunção de fatores: os altos estoques das montadoras, a prática comum de mercado de “desovar” modelos 2010 por causa da chegada dos modelos 2011 e, sobretudo, a concorrência.

Os lançamentos do mercado estão mais velozes, sempre há redesenhos de modelos e ainda há o aumento de importados no mercado brasileiro, explica o consultor da Booz & Company Fabio Takaki.

"O consumidor tem maior variedade de escolha e maior poder de barganha. [Além disso], com aumento de estoques em junho e julho, montadoras e concessionárias devem ter tido necessidade de ajustes [o que gera os descontos]", diz.

Para o presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Sérgio Reze, o problema não é estoque, já que as empresas produzem de acordo com a procura. Além disso, as montadoras organizam sua produção para não atrapalhar a saída dos modelos antigos.

"Sabendo que vai mudar de modelo, a montadora não aumenta a produção do modelo antigo. O que acontece é que o mercado continua em expansão e existe uma concorrência forte. A Fiat quer continuar na primeira posição, a Volkswagen quer ultrapassá-la, a GM e a Ford querem melhorar...", afirma

Segundo Reze, o consumidor brasileiro compra muito mais pelo preço e pela oportunidade.

"Tanto faz comprar marca A, B, C ou D. Ele [consumidor] vai pelo preço, que é determinante para a mesma categoria de produto [carros de entrada, por exemplo, que são os chamados populares]", explica.

Fim do IPI
O IPI reduzido para automóveis terminou em 31 de março deste ano. Com incentivo ao consumo, os clientes foram às compras nos primeiros três meses deste ano e as montadoras bateram recordes de vendas.

Só no terceiro mês do ano, 353,7 mil unidades foram comercializadas. Em abril, os emplacamentos caíram para 277,8 mil veículos, segundo dados da Fenabrave.

Para abastecer a demanda, a indústria impulsionou as atividades. Em março, último mês do incentivo do governo, a produção ficou em 339,7 mil veículos, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Em abril, a fabricação de novos veículos desacelerou para 292 mil unidades. Ou seja, a indústria e o mercado já esperavam uma queda nas vendas por causa do fim do benefício. Para equilibrar estoques, as fábricas voltaram a aquecer os motores em maio, quando foram fabricadas 323,8 mil unidades. Em junho e julho, a produção ficou em 306,2 mil e 318,3 mil veículos, respectivamente.

Paixão Nacional
Assim como o futebol e a cerveja, o carro está entre as maiores paixões do brasileiro. Prova disso é que o consumo desse tipo de bem continua em alta mesmo com o peso da carga tributária que incide sobre o setor.

Para Takaki, o mercado permanece aquecido porque o brasileiro está com bom nível de renda, há facilidade para conseguir crédito, existe grande competição entre montadoras e novos lançamentos estimulando consumo.

"O automóvel é um dos bens de consumo mais desejados pelos brasileiros. Assim, o processo de compra não é puramente racional, mas envolve fatores emocionais também", diz.
(FONTE: Hoje em Dia)

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