14 agosto 2009

Hormônio explica porque certas pessoas são mais sociáveis que outras

Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo

Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Indiana, nos EUA, indica que pessoas muito sociáveis têm maiores níveis de oxitocina, o chamado "hormônio do amor". As informações são do periódico britânico "The Guardian".


O estudo, publicado na "Science" desta semana, foi feito com pintassilgos. Esses pássaros não possuem oxitocina, mas contam com uma molécula muito parecida, chamada mesotocina. Ao bloquearem os receptores de mesotocina no grupo de pássaros, conhecidos por serem extremamente sociáveis, os animais passaram a dedicar menos tempo com os indivíduos da mesma família e começaram a se isolar em grupos menores.

Por outro lado, as aves que receberam uma quantidade extra do hormônio ficaram ainda mais gregários, e passaram mais tempo com a família. O mesmo estudo indica que a distribuição de receptores de oxitocina no cérebro pode explicar por que alguns animais são mais sociáveis do que outros. Ao comparar espécies de pintassilgos mais agressivas com as mais gregárias, eles descobriram que o segundo grupo possui mais receptores em uma parte do cérebro chamada septo lateral.

O principal autor do trabalho, James Goodson, acredita que os resultados podem valer também para os mamíferos. Segundo ele, essa área do cérebro tem papel importante no comportamento social e reprodutivo dos vertebrados. A oxitocina é a substância responsável por deflagrar a secreção de leite nas mulheres durante a amamentação, além de ajudar na dilatação no momento do parto. Estudos mostram que, quando o hormônio é bloqueado, cobaias passam a rejeitar seus filhotes.

Cada vez mais, pesquisadores têm descoberto novas funções para a oxitocina. Pessoas que têm cães de estimação apresentam maior concentração do hormônio na urina após interagirem com seus "pets". Também descobriu-se que a substância secretada durante as relações sexuais, ou simples contato com a pessoa amada, gerando uma sensação de relaxamento.

Em um experimento, pesquisadores descobriram que voluntários que receberam oxitocina em forma de spray nasal ficaram mais propensos a dar dinheiro a estranhos, sabendo que poderiam não ter o valor devolvido.

No início deste ano, pesquisadores da Universidade de Zurique descobriram que oferecer oxitocina a casais que acabaram de discutir pode fazer com que elas tenham atitudes mais positivas perante o outro. Mas outra pesquisa recente mostrou que a substância pode fazer com que competidores sintam mais inveja ao perder uma disputa. Os cientistas acreditam que a oxitocina, um dia, poderá ser usada no tratamento do autismo.

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