problema da falta de privadas
Nada de estádios grandiosos ou aeroportos. O grande
programa de infraestrutura da Índia tem como objetivo construir 15 milhões de
privadas por ano.
Na Índia, mais de 60% da população não tem privada.
São mais de 600 milhões de pessoas que fazem suas necessidades ao ar livre, no
mato, ou, quando moram em cidades, usam um cubículo na casa --limpo manualmente
por pessoas de castas inferiores.
"Nosso maior desafio é tornar a Índia livre de
defecação ao ar livre", disse à Folha Jairam Ramesh, ministro do
Desenvolvimento Rural da Índia. "Nossa meta é conseguir eliminar o
problema em dez anos", acrescentou.
Para isso, o governo está gastando US$ 1 bilhão por
ano para construir privadas e rede de esgotos e também dá US$ 200 às famílias
pobres que queiram construir instalações sanitárias em suas casas.
Cerca de 400 mil crianças indianas morrem todos os
anos de diarreia, consequência de falta de higiene e de esgoto. A falta de
privadas é ainda questão de segurança: muitas mulheres são atacadas enquanto
fazem suas necessidades no mato.
"Há muito mais conscientização hoje em dia. As
mulheres não aceitam mais se casar quando a casa de seus sogros (onde a maioria
vai morar) não tem privada", afirma o ministro.
As privadas nas casas pobres são diferentes das
ocidentais --são um buraco no chão de louça, ligado ao encanamento, e não se
usa papel higiênico, apenas água.
Com a "ofensiva das privadas", o governo
quer também acabar com os chamados "manual scavengers" --indivíduos
de castas mais baixas que, há séculos, se dedicam à tarefa insalubre de limpar,
com uma escova, os excrementos das pessoas que não têm privada, coletar em
carrinhos e jogar em lugares afastados dos vilarejos.
Em troca, recebem menos de um dólar ou um prato de
comida. "Há mais templos neste país do que privadas", chegou a dizer
Ramesh.
(Folha
de São Paulo)
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