não impacta na inflação de janeiro
O governo soube escolher a melhor data para autorizar a Petrobras a reajustar em 6,6% o preço da
gasolina nas refinarias, e do diesel em 5,4%. A estatal havia proposto o
aumento em meados do ano passado, para estancar o prejuízo com as importações.
Se atendida na época, a inflação de 2012 teria sido maior que os 5,84
registrados pelo IBGE.
O anúncio do reajuste ocorreu quando a coleta de
preços do índice oficial de inflação de janeiro, o IPCA, já estava concluída.
Assim, a alta dos combustíveis só vai incidir no índice de fevereiro. O
ministro Guido Mantega diz que o impacto na inflação será de 0,16 ponto
percentual. E que neste mês o IPCA pode ter uma redução de 0,65 ponto por conta
da baixa do preço da energia elétrica. Portanto, é o momento apropriado.
Pode-se dizer que o ministro da Fazenda foi muito
otimista ao prever que a gasolina subiria em média 4,4% nos postos de
abastecimento. No dia seguinte ao anúncio, a imprensa constatou aumentos de até
7,6% em postos paulistanos. Em Belo Horizonte, o Hoje em Dia encontrou na
quarta-feira reajustes variando de 3,75% a 8,68% nas bombas de gasolina. Por
outro lado, grande parte dos postos ainda não havia aumentado seus preços.
O governo quase não dispõe de instrumentos para
segurar os preços. O mais efetivo é impedir um acordo entre os donos de postos
de gasolina para elevar seus preços. Suspeita-se da existência dessa prática
ilegal em vários municípios mineiros e mesmo em regiões da capital onde os
preços nas bombas variam em milésimos de centavos. A economia de mercado só funciona bem quando há concorrência. Os órgãos de defesa do
consumidor podem ser acionados para inibir abusos.
Outra possibilidade que o governo vai usar é a
antecipação, para maio, do aumento da mistura de álcool na gasolina, de 20%
para 25%. Mas isso somente será possível se a indústria sucroalcooleira tiver o
produto para vender. Com o aumento do preço da gasolina, o do álcool também vai
aumentar – e os usineiros reclamavam esse aumento há vários meses.
A Petrobras gostaria de um reajuste maior do que o
autorizado, para ter recursos para investir, pois já se encontra muito
endividada. Seu plano de vender ativos, num total de 14,5 bilhões de dólares,
foi frustrado pela crise no mercado internacional. O governo está certo em
tentar segurar a inflação, mas não pode repetir o erro da década de 1990,
quando as estatais foram inutilmente usadas – e sucateadas – na tentativa
(Portal
HD)
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