01 fevereiro 2013

Gasolina fica mais cara, mas
não impacta na inflação de janeiro
O governo soube escolher a melhor data para autorizar a Petrobras a reajustar em 6,6% o preço da gasolina nas refinarias, e do diesel em 5,4%. A estatal havia proposto o aumento em meados do ano passado, para estancar o prejuízo com as importações. Se atendida na época, a inflação de 2012 teria sido maior que os 5,84 registrados pelo IBGE.

O anúncio do reajuste ocorreu quando a coleta de preços do índice oficial de inflação de janeiro, o IPCA, já estava concluída. Assim, a alta dos combustíveis só vai incidir no índice de fevereiro. O ministro Guido Mantega diz que o impacto na inflação será de 0,16 ponto percentual. E que neste mês o IPCA pode ter uma redução de 0,65 ponto por conta da baixa do preço da energia elétrica. Portanto, é o momento apropriado.

Pode-se dizer que o ministro da Fazenda foi muito otimista ao prever que a gasolina subiria em média 4,4% nos postos de abastecimento. No dia seguinte ao anúncio, a imprensa constatou aumentos de até 7,6% em postos paulistanos. Em Belo Horizonte, o Hoje em Dia encontrou na quarta-feira reajustes variando de 3,75% a 8,68% nas bombas de gasolina. Por outro lado, grande parte dos postos ainda não havia aumentado seus preços.

O governo quase não dispõe de instrumentos para segurar os preços. O mais efetivo é impedir um acordo entre os donos de postos de gasolina para elevar seus preços. Suspeita-se da existência dessa prática ilegal em vários municípios mineiros e mesmo em regiões da capital onde os preços nas bombas variam em milésimos de centavos. A economia de mercado só funciona bem quando há concorrência. Os órgãos de defesa do consumidor podem ser acionados para inibir abusos.

Outra possibilidade que o governo vai usar é a antecipação, para maio, do aumento da mistura de álcool na gasolina, de 20% para 25%. Mas isso somente será possível se a indústria sucroalcooleira tiver o produto para vender. Com o aumento do preço da gasolina, o do álcool também vai aumentar – e os usineiros reclamavam esse aumento há vários meses.

A Petrobras gostaria de um reajuste maior do que o autorizado, para ter recursos para investir, pois já se encontra muito endividada. Seu plano de vender ativos, num total de 14,5 bilhões de dólares, foi frustrado pela crise no mercado internacional. O governo está certo em tentar segurar a inflação, mas não pode repetir o erro da década de 1990, quando as estatais foram inutilmente usadas – e sucateadas – na tentativa
(Portal HD)

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