15 abril 2011

Seringueira tem potencial para
geração de renda na região

Raul Soares e Ponte Nova serão referência

O cultivo da seringueira nas propriedades mineiras pode ter uma grande expansão e melhorar a situação econômica de várias regiões, principalmente com a adesão dos agricultores familiares à atividade.

Esta perspectiva é apontada em estudos da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), vinculada à Secretaria da Agricultura. Para transformar a teoria em prática, a Epamig e a empresa Minas Hevea Comercial, localizada em Viçosa, na Zona da Mata, estão finalizando a elaboração do programa Hevea Ambiente Sustentável.

Segundo o pesquisador Antônio de Pádua Alvarenga, da Epamig, o programa terá condições de emitir um selo socioambiental. Uma das possibilidades será a obtenção, para os produtores portadores do selo, do direito de venda de crédito de carbono com o plantio da seringueira. “Essa cultura é a que mais sequestra carbono, um índice igual ou superior ao das matas naturais”, ele explica.

Alguns objetivos do programa são a geração de emprego e renda, a recuperação de áreas degradadas e a preservação do meio ambiente. “Além disso, existe a proposta de promover a absorção de carbono da atmosfera e a retenção desse elemento no solo”, acrescenta Alvarenga. Ele diz ainda que haverá formação de mão de obra e treinamento dos trabalhadores para a atividade. “O Hevea Ambiente Sustentável vai buscar incentivos para as práticas ambientalmente corretas, tais como: destinação de embalagens de agrotóxicos, respeito às normas ambientais referentes a Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reserva Legal e Matas Ciliares, bem como respeito às normas trabalhistas e outras.” Está em andamento atualmente a formação de mudas e jardins clonais em diversos locais, sob a coordenação da Epamig e Minas Hevea. De acordo com Alvarenga, os parceiros estão atentos ao interesse crescente pela produção de seringueiras no Estado. Esse interesse, ele diz, pode ser confirmado pelo alto índice de procura por mudas produzidas na Fazenda Experimental Vale do Piranga, em Oratórios, na Zona da Mata. “A demanda para a próxima produção, prevista para o final do primeiro semestre, já é de 15 mil mudas, afirma o pesquisador. Todos os dias recebemos pedidos de informação sobre a cultura e de produtores interessados.”

O mercado é promissor porque o cultivo da seringueira proporciona grande rentabilidade. Segundo o Centro de Inteligência em Florestas (CIF), até 2030, a demanda nacional de borracha natural alcançará 1 milhão de toneladas, sendo que a produção brasileira é de 130 mil toneladas anuais. Em Minas Gerais, a produção atual é de 4,5 mil toneladas em 3 mil hectares plantados, distribuídos em nove regiões: Central, Rio Doce, Zona da Mata, Sul de Minas, Triângulo, Alto Paranaíba, Centro-Oeste, Noroeste e Jequitinhonha. O rendimento médio das seringueiras nessas regiões varia de 750 a 2,8 mil quilos de borracha natural por hectare, sendo os melhores resultados obtidos nas áreas do Centro Oeste e no Alto Paranaíba. O Triângulo Mineiro se destaca com a maior produção, cerca de 77% do volume registrado no Estado, vindo em seguida o Noroeste e a Zona da Mata.

Na Zona da Mata, a produção está concentrada no entorno dos municípios de Muriaé, Leopoldina, Cataguases, Raul Soares e Ponte Nova. A maioria deles, segundo Alvarenga, está iniciando a atividade e cultiva, em média, uma área de 20 hectares.

Agricultura familiar
Para o secretário da Agricultura, Elmiro Nascimento, o potencial de produção da borracha natural confirmado pelas pesquisas da Epamig, bem como os dados sobre o mercado desse produto devem despertar o interesse dos produtores rurais pelo cultivo da seringueira. “De acordo com os estudos, os principais fatores favoráveis à produção de borracha natural, em Minas Gerais, são a localização do Estado em relação aos grandes mercados e a disponibilidade de água”, ele explica. Nascimento enfatiza que é muito importante a inserção dos agricultores familiares na atividade. “São necessárias apenas duas pessoas para cultivar cerca dez hectares, que garantem atualmente uma renda mensal da ordem de R$ 3 mil”, assinala o secretário.
(FONTE: Rio Casca On Line)

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