O papa Francisco mencionou pela primeira vez
publicamente a perspectiva de sua morte ao afirmar que não viverá por muito
tempo, e reiterou que não descarta uma possível renúncia. Durante uma coletiva
de imprensa no avião que o levava da Coreia do Sul a Roma, nesta segunda-feira
(18), o papa, de 77 anos, em aparente bom estado de saúde, respondeu a
perguntas sobre sua popularidade e o efeito desta sobre ele.
"Eu a encaro como uma generosidade do povo de
Deus. Interiormente, tento pensar em meus pecados, em meus erros, para não
ficar orgulhoso, porque sei que vou durar pouco tempo. Dois ou três anos. E,
depois, vou para 'a Casa do Pai!'", afirmou, em tom de brincadeira.
O pontífice argentino disse que vê esta
popularidade "de maneira mais natural do que no início", quando
ficava um pouco mais "assustado".
Esta é a primeira vez que o sumo pontífice fala da
perspectiva de sua morte. Segundo uma fonte do Vaticano, Jorge Bergoglio teria
confiado aos seus íntimos que acha que ficará à frente a Igreja Católica apenas
por alguns anos.
Dessa forma, é reavivada a possibilidade de uma
renúncia, como a de seu antecessor, Bento XVI, em 2013.
A renúncia de um Papa é uma instituição e não mais
uma exceção, apesar disso não ser do gosto de alguns teólogos, afirmou Francisco,
lembrando que os bispos eméritos (aposentados) eram uma exceção há 60 anos e
que agora esta é uma prática habitual.
"Vocês podem me perguntar: se um dia não se
sentir capaz de seguir adiante, faria a mesma coisa? Sim. Eu faria a mesma
coisa. Bento XVI abriu uma porta, que é institucional", acrescentou.
Indagado sobre suas férias deste ano, o Papa disse
que vai passá-las "em casa, na residência de Santa Marta, onde mora".
"Sempre tiro férias. Então mudo de ritmo. Leio
coisas de que gosto, ouço música. Acima de tudo, rezo", explicou,
admitindo "sofrer de alguns problemas de nervos que devem ser
tratados".
"Tenho que dar mate a eles todos os
dias", brincou de novo. "Uma de minhas neuroses é que sou muito
caseiro (...) A última vez que tirei férias fora de Buenos Aires foi em uma
comunidade jesuíta em 1975".
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