frusta com a tragédia das enchentes
Nem bem terminamos a comemoração do réveillon com confraternização, abraços, shows pirotécnicos e desejos de um ano novo de paz, realizações e sucesso, o velho problema das chuvas volta a nos brindar com a dura realidade: as enchentes.
A imprensa e os governos apontam dois vilões: as chuvas e a própria população que “escolhe morar em áreas de risco (barrancos e à beira dos rios e córregos)” e que joga lixo nas ruas comprometendo os bueiros.
Nada mais conveniente que responsabilizar a vítima de sua própria desgraça.
Primeiramente a chuva não é a responsável, pois ela é um fenômeno da natureza e com periodicidade já conhecida por nós. O aumento do volume pluviométrico (das águas da chuva), este sim podem ter uma relação com as mudanças ambientais produzidas pelos empreendimentos das elites governantes, entretanto não é ela, a chuva, a grande responsável pelas tragédias, por mais que queiramos estabelecer uma relação direta entre chuva – enchente – desgraça.
Outro apontado enquanto responsável é a população que mora em áreas de risco e a sua insistência em não abandonar a própria casa. Estes também são os campeões da culpabilidade indicada pela mídia jornalística, que desconsidera os reais motivos que levam as famílias a “optarem” por moradias em locais de riscos. E quando lhes são oferecidos alojamentos, estes são precários, ficando os seus pertences na casa desalojada à mercê de saques.
Este discurso é falso e de má fé. A responsabilidade das tragédias decorrentes das enchentes é da falta de vontade política dos governos municipais, estaduais e federal.
Aqui em Raul Soares nunca houve iniciativa dos prefeitos e muito menos do atual, Vicente Barboza, em resolver esta questão. Tempo ele teve de sobra. Seus dois mandatos, no entanto, não trataram essa questão com seriedade, articulando com o governo estadual e federal uma solução duradoura que logicamente dependeria de recursos e compromisso com a população mais pobre.
Por sua vez, os governos alegam falta de recursos, mas está claro que isso não é verdade. Haja vista os recursos bilionários para as obras da Copa e para o pagamento das dívidas externa e interna.
Alguns governos têm se utilizado das enchentes para beneficio próprio, ao declarar estado de emergência na cidade. Assim é permitido ao prefeito realizar diversos contratos de serviço e de compras sem licitações.
Outros como aconteceram nas tragédias das cidades do Estado do Rio de Janeiro do inicio do ano de 2011, que desviaram recursos destinados para o socorro das vitimas das enchentes. Inclusive teve prefeito que foi afastado por essa razão.
É mais fácil responsabilizar as chuvas e o povo dito ignorante.
Esta cada vez mais claro que o governo Dilma, o governo Anastásia e os governos municipais, a exemplo do prefeito da capital, Márcio Lacerda, não resolvem o problema das enchentes por falta de vontade política. Em BH estão realizando obras faraônicas cujos objetivos é preparar a cidade para a copa e favorecer as grandes empreiteiras que, certamente, retornarão o favorecimento em forma de financiamento de campanha eleitoral. E para o povo “pão e circo”, na verdade mais circo do que pão, haja vista a festa do réveillon na Praça da Estação.
Portanto deve ficar claro que as enchentes são de responsabilidade dos governantes que não priorizam políticas para resolverem esse problema. Esse tipo de obra não dá voto, nem propaganda para o governo. Por isso, esse descaso transforma-se em tragédia, todo ano com a chegada das chuvas.
É preciso que os movimentos sociais juntamente com as organizações dos trabalhadores busquem envolver a sociedade para construir um grande movimento e dar um basta nesta situação. Em 2012 haverá eleições para prefeito e vereadores, portanto um momento muito importante para cobrá-los e apresentar novas alternativas representando os verdadeiros interesses dos trabalhadores e da população.
Aos atingidos pelas enchentes, felicidade, superação das perdas e muita força e união para construirmos uma solução permanente para que outros janeiros sejam diferentes.
Raul Soares, 03 de janeiros de 2012.
Pedro Valadares
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