bióloga com curso a distância e busca
vaga no mestrado
Ex-catadora de caranguejo no município fluminense
de São Francisco de Itabapoana (a 322 km do Rio de Janeiro), Marina Barretos
Silva, 47, se formou bióloga com graduação a distância, curso que completou em
2009. Agora tenta o mestrado.
Como a mãe, hoje aposentada, Marina catou
caranguejo "praticamente a vida toda", inclusive na época em que
estudava a distância. "É desumano o trabalho no manguezal. É muito puxado
e ruim, mas me ajudou a sobreviver", diz.
Dos oito filhos, somente ela tem ensino superior.
"Não queria deixar minha mãe e meus irmãos e morar em outro lugar. Parei
de estudar entre o ensino fundamental e o médio, que só retomei entre 2001 e
2003, quando já estava casada e tinha quatro filhos."
Durante os estudos do ensino médio, soube da
graduação a distância pelo Cederj (consórcio de instituições públicas de ensino
superior do Rio de Janeiro), que oferece mais de 6 mil vagas anualmente.
"Alguém me falou do curso a distância. Fui lá para conferir. Chegou na
hora certa, na hora que eu precisava", lembra.
Hoje com quatro filhos e duas netas, a bióloga
tenta um mestrado na UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense), na área
de biociência e biotecnologia. Em janeiro de 2013, presta a prova de admissão
com a esperança de ser aprovada para pedir uma bolsa de estudos.
"Queria muito entrar na área de
pesquisa. Gosto de trabalhar em laboratório. A única desvantagem do EAD que fiz
é que não tinha um", diz ela, que começou a trabalhar no laboratório da
UENF, em Campos dos Goytacazes, em abril de 2011, como estagiária não
remunerada.
Três horas por dia
Marina cursou biologia, dedicando diariamente de
duas a três horas para os estudos. "Cuidava da casa, mas não tinha emprego
formal. Não sabia que gostava tanto de biologia até que comecei a estudar.
Quanto mais estudo, mais gosto."
O marido, que é pescador, sempre a apoiou.
"Ele foi se acostumando com a ideia e sentia a minha aptidão", conta.
"[Quando estava] no ensino médio, chegou a falar: ‘Eu já sei que você
nunca vai parar de estudar’."
"Não tinha computador e usava muito pouco esse
recurso. Até hoje não gosto de usar. Pegava as apostilas no pólo do curso
Cederj mantém um polo de ensino a distância no município em São Francisco de
Itabapoana] e esclarecia as dúvidas com os tutores durante a semana. Foi ótimo,
estudava nas horas de folga e em casa."
Além da mudança de vida de Marina, a família tem
outro motivo para comemorar. A filha mais velha vai se formar também pelo curso
a distância do Cederj em biologia, como a mãe.
(Uol)
(Uol)
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