01 julho 2011

Homem é picado duas
vezes, mata e come a cobra
Lavrador desfilou por Poté, no Vale do Mucuri,
com a coral, ainda viva, pendurada no pescoço

Cristiano, ao lado da mulher,
que o convenceu a ir ao médico

GOVERNADOR VALADARES – Uma ocorrência inusitada chamou a atenção de policiais militares e funcionários do Hospital São Vicente de Paulo, na cidade de Poté, no Vale do Mucuri, distante 470 quilômetros de Belo Horizonte. Ao tentar separar uma suposta briga entre uma galinha e uma cobra coral, no quintal de casa, no Bairro Floresta, o lavrador Cristiano Alves da Silva, de 24 anos, acabou sendo picado no pé pela serpente. Para se defender do animal, o lavrador usou uma pedra para matar a cobra, pendurando-a no pescoço em seguida. Como um troféu, Cristiano desfilou pela cidade com o estranho adorno, assustando os moradores. “Usei como enfeite. Ficou parecendo um colar”, contou o lavrador.

No entanto, Cristiano só não esperava que a serpente estivesse viva e o picasse novamente. “Fui para casa com dores no corpo e suando bastante e minha esposa me convenceu a procurar um médico”, disse. No hospital, o rapaz ficou menos de duas horas. No prontuário de internação constam hematomas de picada no pé e no pescoço. Recebeu soro antibotrópico e sem autorização dos médicos fugiu da unidade. “Lembrei que os povos antigos diziam que basta comer o coração da cobra para cortar o veneno. Foi justamente o que fiz. Coloquei o bicho na panela e fiz uma refeição. Depois disso as dores passaram e fui dormir”, relembrou o lavrador, que ontem foi atração na cidade. “A cada cinco minutos uma pessoa vem me perguntar por que enrolei a cobra no pescoço”, brinca o rapaz, que admitiu ter ingerido bebida alcoólica antes de tentar matar a serpente.

Tratamento médico terminado em casa
A
situação surpreendeu até mesmo profissionais experientes que diariamente lidam com atendimento a vítimas de animal peçonhento. O administrador do Hospital São Vicente de Paulo, Risomar Telles, contou que o lavrador poderia ter morrido se não recebesse a vacina. “Foi uma situação inédita. O lavrador deveria ter ficado pelo menos 48 horas internado em observação. Não ficou duas horas na unidade médica e fugiu. Tivemos que terminar o atendimento no domicílio da vítima”, comentou.

De acordo com o administrador, por mês, de três a quatro pessoas são picadas por cobras na região de Poté. A maioria das vítimas são lavradores que trabalham em propriedades da zona rural. “Cobras como a coral e a jararaca são espécies endêmicas da região”, explicou Telles.

O caso também virou assunto de polícia. Devido ao risco de outras pessoas serem picadas pela cobra enquanto o lavrador desfilava pela cidade com a serpente no pescoço, policiais militares do destacamento de Poté foram acionados. “A cobra não estava morta. Ela se mexia o tempo todo. O rapaz, que estava sob efeito de bebida alcoólica, que não percebeu nada. O receio era de que o bicho atacasse outras pessoas”, comentou o autônomo Ezequiel Tolentino Silva, de 54 anos.

(Hoje em Dia)

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