24 setembro 2011

O veneno está nas telas

“O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós
fazemos com o que os outros fizeram de nós.” (Jean Paul Sartre)

O nome do filme é O Veneno Está Na Mesa, de Silvio Tendler, especialista em documentos da História do Brasil, lançado no mês de julho deste ano de 2011, no Rio de Janeiro.

O cineasta nos leva a questionar e discutir como somos enganados(as) por quem nos fornece alimentos envenenados com os agroquímicos prejudiciais a nossa saúde, através do pão, do macarrão, da pizza etc...

Acontece que vivemos no sistema capitalista, onde o lucro está acima até do Sagrado. E o convencimento é tão sutil, fantasioso e perverso, que poucas pessoas se dão conta das conseqüências a que fomos submetidos(as) como cobaias. Esse assunto não é novo, pois, várias empresas americanas chegaram ao Brasil nos anos 60-70, “anos de chumbo”, para incentivar o uso de agrotóxicos e certos agricultores de visão limitada aos grandes lucros, aderiram ao desastroso pacote tecnológico e agroquímico.

É o agronegócio. E que negócio! Que só “agrega valor” (expressão mais usada do setor) para poucos. Vale lembrar que, segundo o Anuário do Agronegócio de 2010, as empresas transnacionais de veneno faturaram 15 bilhões de reais, sendo o Brasil o maior consumidor, possuindo 61 milhões de hectares agricultáveis, segundo a Academia Brasileira de Ciências – ABC.

Assustador é que agrotóxicos proibidos na União Européia e nos Estados Unidos, são vendidos aqui na maior tranqüilidade e adulterações dos produtos também. Eles são como as drogas, quanto mais forte, ...
Não é à toa que empresas transnacionais contam com seus representantes no Congresso Nacional, coniventes com a prática do “é dando que se recebe”, nas campanhas eleitorais.

Essa é a cara do agronegócio, do latifúndio e seus desdobramentos: a monocultura, o veneno, o transgênico (agora com o feijão nosso de cada dia), a devastação, o endividamento, o êxodo rural, as doenças, o suicídio, a morte prematura. Basta dizer que nos últimos dez anos foram registradas 1.976 mortes pelo uso de agrotóxicos e que o agente químico do famoso Roundup já foi usado na guerra do Vietnã. O trabalhador usa para causar sua própria morte, o instrumento que o subordina e essa é mais uma forma de violência no campo, disse Larissa Bombardi, pesquisadora da USP. E que cada brasileiro consome 5,2 litros de agrotóxicos por ano.

Sabemos que esse modelo de agricultura não acontece na Europa, elogiada e imitada por turistas toledanos(as) e muitos(as) brasileiros(as), não é? “Eles vão destruir tudo e no fim teremos que começar tudo de novo”, declarou a Dra. Ana Primavesi, cientista e agrônoma palestrante no Seminário Internacional da Agricultura, em Belo Horizonte/2010.
Infelizmente, o controle social no Brasil sobre o uso de agrotóxicos é limitado.

Haja vista que a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), por exemplo, têm também seus representantes deste modelo, que ignoram o Princípio da Precaução, ignoram as entidades sociais, com pesquisas sigilosas, driblam a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Espertos e organizados, driblam todo mundo com o discurso de maiores produtores de alimentos, mas, o IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que 75% dos alimentos consumidos pelos brasileiros são produzidos por pequenos agricultores.

A boa notícia é que está sendo realizada no Brasil uma Campanha Permanente contra os Agrotóxicos, pela Vida, por mais de cinqüenta movimentos sociais – contraosagrotoxicos@gmail.com.

Outra boa notícia é que muitas pessoas sabem da importância da agroecologia, que imita a natureza e nunca deixará de ser moderna. Sabem da importância da segurança alimentar e nutricional, como capacidade de escolhermos o que vamos comer hoje e amanhã, no sentido de garantir a saúde das pessoas e do planeta.

O filme de Silvio Tendler “O Veneno Está na Mesa”, está nas telas de cinema, na internet e na discussão também em todos os lugares, nos alertando para os perigos do uso de agrotóxicos.
Portanto, se queremos um Brasil saudável e sustentável, é preciso discutir o uso do veneno em nossa alimentação, construir o nosso destino e das futuras gerações.

(Professora Joana D'Arc Faria de Souza e Silva
Toledo, setembro de 2011 – 189 anos da Independência)

Um comentário:

joao luiz disse...

bom dia joana
sou o joao luiz filho do saudoso joao sad e da jeanne pacheco
muito bom seu artigo,continue nos prestigiando com suas palavras
a proposito seu irmao mais querido o nosso jornalista e editor,me prometeu um livro que segundo ele omelhor de historia e ate ontem nao me enviou.disse que voce tem.me fala o nome por favor .
obrigado
ainda sou professor de historia
nao sei at[e quando
um abra;o
joao luiz