Estudo sobre
crescimento
mostra que dinheiro traz infelicidade
Em 1990, 68% dos
ricos e 65% do pobres tinham alto nível
de satisfação, que caiu mais de 23
pontos percentuais em 20 anos
Produto Interno Bruto per capita da
China quadruplicou em 20 anos
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O crescimento econômico dos últimos 20
anos na China geralmente foi alcançado com uma redução da felicidade,
especialmente entre os integrantes das classes menos favorecidas da sociedade,
revelou uma análise publicada nesta segunda-feira (14) nos Estados Unidos.
O estudo, publicado no periódico
Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), se baseia em seis
pesquisas diferentes sobre satisfação autodeclarada com a vida desde 1990,
período em que o produto interno bruto per capita da China quadruplicou.
"Há muitos que acreditam que o
bem-estar é impulsionado pelo crescimento econômico e que quanto mais rápido o
crescimento, mais felizes são as pessoas. Não poderia haver um país melhor do
que a China para testar essas expectativas", explicou o principal autor do
estudo, Richard Easterlin, professor de economia da Universidade da Carolina do
Sul (UCS).
"Mas não há evidências de um aumento
evidente na satisfação de vida na China da magnitude que poderia se esperar em
vista da enorme multiplicação no consumo per capita", disse Easterlin, que
é conhecido por seu trabalho nos anos 1970 sobre como a felicidade não costuma
estar vinculada com a riqueza, chamado de Paradoxo de Easterlin.
"De fato, em termos gerais, as
pessoas são sutilmente menos felizes, e a China saiu de um dos países mais
igualitários do mundo em termos de satisfação com a vida para um dos
menos" equitativos nestes termos, acrescentou.
Em 1990, 68% da pessoas pertencentes à
classe mais rica e 65% das mais pobres reportaram altos níveis de satisfação.
Mas as cifras mais recentes demonstraram uma queda de mais de 23 pontos
percentuais nas últimas duas décadas, segundo análise feita pela UCS com base
em pesquisas de opinião realizadas pelos institutos Pew Research Center, Gallup
e Horizon Research Consultancy Group, entre outros.
De acordo com o relatório do PNAS, apenas
42% dos chineses com renda mais baixa reportaram altos níveis de satisfação com
a vida em 2010. Enquanto isso, o percentual dos chineses mais ricos que se
disseram satisfeitos com suas vidas aumentou cerca de três pontos percentuais
ou 71%.
"Não há evidências de uma tendência
progressiva substancial na satisfação com a vida da magnitude que deveria ser esperada
em vista da quadruplicação do PIB per capita ao longo do período
estudado", revelou a pesquisa.
Enquanto as consultas não documentaram as
razões deste declínio, é um fenômeno bem conhecido que "o crescimento das
aspirações induzidas pelo aumento de salário mina o aumento na satisfação de
vida relacionada ao próprio aumento de salário", destacou o estudo.
Segundo a pesquisa, outras razões podem incluir "a vida doméstica e a
necessidade de se ter um trabalho para assegurá-la, assim como a saúde, amigos
e familiares", acrescentou.
Tendências similares têm sido observadas
na União Soviética e na Alemanha Oriental durante os períodos de transição. Mas
o estudo alertou que seria "um equívoco concluir, a partir da experiência
de satisfação com a vida na China, e a de países em transição de forma mais
genérica, que um retorno ao socialismo e a ineficácia total do planejamento
central seriam benéficos".
Ao invés disso, os líderes deveriam
observar que "trabalho e segurança salarial e laboral, juntamente com uma
rede de seguridade social, são de importância crítica para a satisfação da
vida". O estudo também aplaudiu o governo chinês pelos avanços nos últimos
anos para "reparar a rede de seguridade social", o que é descrito
como "encourajador" para os cidadãos menos abastados do país.
(Hoje em Dia)
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